domingo, 7 de abril de 2013

O bolo de "Baudelaire" e "o corvo" de Edgar Allan Poe


O BOLO XV
Eu viajava. A paisagem no meio da qual eu estava era de uma grandiosidade e de uma nobreza irresistíveis. Alguma coisa passava-se, sem dúvida, nesse momento em minha alma. Meus pensamentos giravam com uma leveza igual à da atmosfera; as paixões vulgares, tais como a ira e o amor profano, pareciam-me agora tão distantes quanto as nuvens que desfilavam no fundo dos abismos sob meus pés; minha alma parecia tão vasta e tão pura quanto a cúpula do céu que me envolvia; a lembrança das coisas terrestres não chegava a meu coração a não ser atenuada e diminuída como o som dos sininhos de animais imperceptíveis que pastavam ao longe, bem longe, na vertente de uma outra montanha. Sobre o pequeno lago imóvel, negro pela sua imensa profundidade, passava, vez por outra, a sombra de uma nuvem, como o reflexo do capote de um gigante voando através do céu. E me lembro que essa sensação solene e rara, causada por um grande movimento completamente silencioso, enchia-me de alegria misturada com medo. Ou seja, eu me sentia, graças à entusiasmante beleza pela qual estava envolvido, em perfeita paz comigo e com o universo; creio mesmo que, em minha perfeita beatitude e total esquecimento de todo o mal terrestre, acabei por não achar mais ridículos os jornais que pretendem que o homem nasce bom — nisso, como a matéria incurável renovasse suas exigências, sonhei descansar da fadiga e aliviar o apetite causados por uma tão longa ascensão. Tirei de minha bolsa um grande pedaço de pão, uma xícara de couro e um frasco de um certo elixir que os farmacêuticos, naquele tempo, vendiam aos turistas para. na ocasião, misturar com a água da neve.
Estava cortando tranqüilamente o meu pão quando um ruído muito leve fez-me levantar os olhos. Diante de mim encontrava-se um pequeno ser esfarrapado, negro, descabelado, cujos olhos escavados, ferozes e como que suplicantes devoravam o pedaço de pão. Eu o ouvi suspirar em voz baixa e rouca a palavra: bolo! Não pude me impedir de rir, escutando o termo que ele empregava para louvar meu pão quase branco, e eu, então, cortei uma bela fatia e ofereci a ele. Ele aproximou-se, lentamente, sem tirar os olhos do objeto de sua cobiça; depois, agarrando o pedaço com a mão, recuou, rapidamente, como temendo que minha oferta não fosse sincera ou que eu já me tivesse arrependido.
Mas, no mesmo instante, foi derrubado por um outro pequeno selvagem, saído não sei de onde e tão perfeitamente semelhante ao primeiro que se poderia tomá-lo por seu irmão gêmeo. Juntos eles rolaram pelo chão disputando a preciosa presa, nenhum deles querendo, sem dúvida, sacrificar a metade para seu irmão, O primeiro, exasperado, agarrou o segundo pelos cabelos; este, por sua vez, segurou o outro pela orelha com os dentes e cuspiu uma pequena quantidade de sangue com um soberbo xingamento em patoá. O legítimo proprietário do bolo tentou enfiar suas pequenas unhas nos olhos do usurpador; por sua vez este aplicou todas as suas forças para estrangular o adversário com uma das mãos, enquanto com a outra tratava de meter no bolso o prêmio do combate. Mas, reavivado pelo desespero. o vencido voltou a atacar e botou o vencedor por terra com uma cabeçada no estômago. Como descrever uma luta tão feia que durou, na verdade, mais tempo que as forças infantis pareciam prometer? O bolo viajara de mão em mão e mudara de bolsos a cada instante: mas, oh! mudara também de volume; e até que, por fim, extenuados, ofegantes, sangrando, eles pararam por impossibilidade de continuar, pois não havia mais, a bem dizer, nenhum motivo de briga: o pedaço de pão tinha desaparecido, espalhado pelo chão em forma de migalhas semelhantes a grãos de areia, com os quais estava misturado.
Este espetáculo havia-me ensombrecido a paisagem e a calma alegria onde se deleitava minha alma, antes de ver esses pequenos homens, tinha desaparecido totalmente; fiquei triste durante muito tempo, repetindo-me sem cessar: “Existe um soberbo país onde o pão se chama bolo, guloseima tão rara que é suficiente para engendrar uma guerra perfeitamente fratricida!"



O CORVO

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará jamais.

E o rumor triste, vago, brando,
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto e: "Com efeito
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minha alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora -
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse: a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta:
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro co'a alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais tarde; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma coisa que sussurra. Abramos.
Ela, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso.
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela e, de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre Corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto
Movendo no ar as suas negras alas.
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo - o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "Ó tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais:
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Coisa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta,
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é o seu nome: "Nunca mais."

No entanto, o Corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais."

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao Corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera.
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais."

Assim, posto, devaneando,
Meditando, conjecturando,
Não lhe falava mais; mas se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava,
Conjecturando fui, tranqüilo, a gosto,
Com a cabeça no macio encosto,
Onde os raios da lâmpada caiam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso.
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: "Existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No Éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais.
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa!, clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fica no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua,
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

E o Corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

trad. Machado de Assis - 1883
Edgar Allan Poe

O corvo é um poema bastante sinistro. De repente o poeta em plena meia noite, depois de 
um dia dedicado à sua  poesia, pronto para dormir; é surpreendido pela ilustre visita de 
uma ave escura e feia. é de dar medo, mas é engraçado.

Quanto ao bolo de Baudelaire é triste, mostra uma cruel em decorrência da fome e da luta 
pela sobrevivência. É uma realidade muito triste, uma vez que quantas toneladas 
de comida vão para o lixo todos os dias e enquanto milhares de pessoas passam fome? 
Quantidade essa, que repartida igualmente saciaria a fome de todos.

quinta-feira, 4 de abril de 2013


Dedico este espaço a vocês que assim como eu, são amantes das letras. Venham partilhar algumas leituras comigo. Espero vocês.
 
"Mas se desejarmos fortemente o melhor e,
principalmente, lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo,
e não do tamanho da minha altura." (Carlos Drummond de Andrade)


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
Pró-Reitoria de Ensino - Coordenadoria de Graduação
Centro de Ciências Humanas – CCH
Curso de Letras Português

PLANO DE ENSINO
ANO: 2013
SEMESTRE: 1º
DEPARTAMENTO: Comunicação e Letras - TURNO: [ x ]Vespertino
CURSO: Letras/Português [ 6º] Período
DISCIPLINA: Literatura Brasileira - TOTAL 72 h/a
PROFESSORA: Maria Generosa Ferreira Souto e Damáris de Souza Ramos
CIDADE: Montes Claros - MG



EMENTA: A poética simbolista. Tendências pré-modernistas. Vanguardas européias e a semana da Arte Moderna.


OBJETIVOS GERAIS: Compreender a Literatura Brasileira do final do século XIX, enfocando o Simbolismo e as Vanguardas Européias, até a semana da Arte Moderna. Além disso, criar condições acadêmicas que estimulem uma atitude crítica-reflexiva.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Proporcionar uma visão da Literatura Brasileira em seu desdobramento teórico, histórico e crítico.
§
 Estudar as manifestações literárias a partir do Simbolismo até a Semana da Arte Moderna.
§
 Desenvolver formação crítica no exercício da análise textual e no estudo histórico e teórico dos períodos abordados.
§
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
I – O Simbolismo na Literatura Brasileira:
a) Os primeiros escritos da literatura simbolista, b) Aspectos da literatura simbolista, c) Contexto histórico e cultural do Simbolismo, d) As tensões entre a estética simbolista e as pretensões positivistas, e) Cruz e Sousa, f) Alphonsus de Guimaraens, e) Pedro Kilkerry
II – As Vanguardas Européias e as tendências modernistas:
a) Movimentos artísticos do início do século XX, b) Futurismo, c) Expressionismo, d) Cubismo, e) Dadaísmo, f) Surrealismo, g) As vanguardas e outras artes.
III – A Semana da Arte Moderna
a) Rupturas e experimentação da linguagem, b) Afirmação da expressão cultural brasileira, c) Poesia Pau Brasil, d) A mudança do paradigma ufanista romântico, e) A crise do verso, f) A coloquialidade: “escrever como si fala”, g) O verso livre e um universo de diferenças, h) O retorno do humor e da irreverência, i) O lirismo moderno
METODOLOGIA/ ATIVIDADES DIDÁTICAS

- Aulas expositivas dialogadas; Debates;
- Apresentação de trabalho – individual e em grupo; Seminários; - Mini-Seminários;
- Pesquisas online; - Leitura dos textos e fichamentos; -Escrita e reescrita de artigos e ensaios.

ESTRUTURA(S) DE APOIO/RECURSOS DIDÁTICOS
- Quadro e giz
- Textos teóricos e críticos
- Textos literários
- Datashow/Vídeos
- Bibliotecas Virtuais, DVD/filmes, CD-Rom
- Mídias na educação: Internet, weblog.
AVALIAÇÃO
Aspectos a serem avaliados Instrumentos de avaliação
- Assiduidade e pontualidade;
- Iniciativa e interesse;
- leituras dos textos críticos e/ou literários e fichamentos dos mesmos;
- Conhecimento e domínio de conteúdos estudados;
- Discussão e crítica das leituras realizadas.
- Participação nos debates e comentários críticos e analíticos nos espaços virtuais (Blogs interativos da disciplina e dos acadêmicos)
- 02 Provas escritas (individuais)=50,0;
- Trabalhos individuais e/ou em grupos = 50,0 pontos, subdivididos em:
a) Resumos,
b) Leitura e fichamentos dos textos;
c) Resenhas;
d) Ensaios;
e) Debates e comentários nos blogs;
f) Apresentações orais;
g) Seminários;
CRONOGRAMA
18/02/13 – 4h/a: Apresentação de Plano de Ensino
-Esclarecimento sobre a proposta da disciplina e a avaliação
-Textos: 1) ANJOS, Augusto dos. Eu. São Paulo: L&M POCKET, 2000. 2) BALAKIAN, Ana. O simbolismo. São Paulo: Perspectiva, 1967.
25/02/13 – 4h/a: I – O Simbolismo na Literatura Brasileira: Os primeiros escritos da literatura simbolista. - Textos: 1) CAROLLO, Cassiana Lacerda. Decadismo e Simbolismo no Brasil – crítica e poética. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980, 2v. 2) CRUZ E SOUSA. Poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
04/03/13 – 4h/a: I – O Simbolismo na Literatura Brasileira: Aspectos da literatura simbolista- Textos:
1) MURICY, Andrade. Panorama do movimento simbolista no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1973, 2v. 2) CRUZ E SOUSA. Poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002
11/03/13 – 4h/a: I – O Simbolismo na Literatura Brasileira: Contexto histórico e cultural do Simbolismo – Textos: 1) WILSON, Edmund. O castelo de Axel. São Paulo: Cultrix, 1967. 2) BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: CULTRIX, 1994.

18/03/13 – 4h/a: I – O Simbolismo na Literatura Brasileira: As tensões entre a estética simbolista e as pretensões positivistas – Textos: 1) GOMES, Álvaro Cardoso. A estética simbolista. São Paulo: Cultrix, 1985. e

25/03/13 – 4h/a: I – O Simbolismo na Literatura Brasileira: Alphonsus de Guimaraens, Pedro Kilkerry – Textos: 1) GUIMARÃES, Alphonsus de. Poesias completas. Rio de Janeiro: Agir, 1987. 2) CORREIA, Raimundo. Poesias selecionadas. Rio de Janeiro: Agir, 1987.
01/04/13 – 4h/a: II – As Vanguardas Européias e as tendências modernistas: Movimentos artísticos do início do século XX - Textos: 1) TELLES, Gilberto Mendonça. Modernismo Brasileiro e Vanguardas européias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.

08/04/13 – 4h/a: II – As Vanguardas Européias e as tendências modernistas: Futurismo, Expressionismo - Textos: 1) COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 3° ed. Rio de Janeiro: Sul Americana, 1964.



15/04/13 – 4h/a: II – As Vanguardas Européias e as tendências modernistas: Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo. Textos: 1) CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 10. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

22/04/13 – 4h/a: II – As Vanguardas Européias e as tendências modernistas: As vanguardas e outras artes. Textos: SCHWARTZ, Jorge. Vanguardas latino-americanas: polêmicas, manifestos e textos críticos. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2008.

29/04/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: Rupturas e experimentação da linguagem – Textos: 1) BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 2) BAUDELAIRE, Charles. A modernidade de Baudelaire. Tradução de Suely Cassal. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

06/05/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: Afirmação da expressão cultural brasileira – Textos 1) STEGAGNO-PICCHIO, Luciana. História da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004. 2)

13/05/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: Poesia Pau Brasil – Textos: 1) ANDRADE, Oswald de. O manifesto antropófago. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro: apresentação e crítica dos principais manifestos vanguardistas. 3ª ed. Petrópolis: Vozes; Brasília: INL, 1976.


20/05/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: A mudança do paradigma ufanista romântico – Textos: 1) STEGAGNO-PICCHIO, Luciana. História da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004

27/05/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: A crise do verso – Textos: 1) ANDRADE, Oswald de. Do Pau-Brasil à Antropofagia e às Utopias. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1972.

03/06/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: A coloquialidade: “escrever como si fala” – Textos 1) REGIS, Maria Helena Camargo. O coloquial na poética de Manuel Bandeira. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1986.

10/06/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna: O verso livre e um universo de diferenças - Textos
1) MORICONI, Ítalo. Como e porque ler a poesia brasileira do século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002

17/06/13 – 4h/a: III – A Semana da Arte Moderna - O retorno do humor e da irreverência, O lirismo moderno – Textos: 1) BOSI, Alfredo (Org.). Leitura de poesia. São Paulo: Ática, 1996. (Cap

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ANJOS, Augusto dos. Eu. São Paulo: L&M POCKET, 2000.
BALAKIAN, Ana. O simbolismo. São Paulo: Perspectiva, 1967.
CRUZ E SOUSA. Poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
GUIMARÃES, Alphonsus de. Poesias completas. Rio de Janeiro: Agir, 1987.
TELLES, Gilberto Mendonça. Modernismo Brasileiro e Vanguardas européias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CAROLLO, Cassiana Lacerda. Decadismo e Simbolismo no Brasil – crítica e poética. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980, 2v.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 3° ed. Rio de Janeiro: Sul Americana, 1964.
CORREIA, Raimundo. Poesias selecionadas. Rio de Janeiro: Agir, 1987.
GOMES, Álvaro Cardoso. A estética simbolista. São Paulo: Cultrix, 1985.
MURICY, Andrade. Panorama do movimento simbolista no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1973, 2v.
WILSON, Edmund. O castelo de Axel. São Paulo: Cultrix, 1967.
BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR
ANDRADE, Mário de. O movimento modernista. In: ____. Aspectos da literatura brasileira.
São Paulo: Martins, 1974. p. 231-254.

ANDRADE, Oswald de. Do Pau-Brasil à Antropofagia e às Utopias. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1972.

ANDRADE, Oswald de. O manifesto antropófago. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro: apresentação e crítica dos principais manifestos vanguardistas. 3ª ed. Petrópolis: Vozes; Brasília: INL, 1976.

BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1985.
______. A modernidade de Baudelaire. Tradução de Suely Cassal. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1988.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: CULTRIX, 1994.

BOSI, Alfredo (Org.). Leitura de poesia. São Paulo: Ática, 1996.

CADERMATORI, Lígia. Períodos Literários. São Paulo: Ática, 1989.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 10. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006

MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: CULTRIX, 2001.

MORICONI, Ítalo. Como e porque ler a poesia brasileira do século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. São Paulo: Ática, 1988.

SCHWARTZ, Jorge. Vanguardas latino-americanas: polêmicas, manifestos e textos críticos. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2008.

REGIS, Maria Helena Camargo. O coloquial na poética de Manuel Bandeira. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 1986.

STEGAGNO-PICCHIO, Luciana. História da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004

FILMES
FILMES:
1) Sobre o Simbolismo: O labirinto de Fauno (2006), Abril Despedaçado (2001) e O Perfume (1985).
2) Vanguardas Européias e as tendências modernistas: Avatar (2009), Los Angeles: Cidade Proibida (1997), O homem que não estava lá (2001)
3) Semana da Arte Moderna: Semana de Arte Moderna/documentário (1972), Macunaíma (1969).
MÚSICAS: Janelas abertas nº 2, de Caetano Veloso; Claude Debussy

sexta-feira, 22 de março de 2013


  

                              PENSAMENTOS DE EDGAR ALLAN POE


Tudo o que vemos ou parecemos / não passa de um sonho dentro de um sonho.
Edgar Allan Poe

 
Nenhum homem que tenha vivido conhece mais sobre a vida depois da morte que eu ou você. Toda religião simplesmente desenvolveu-se com base no medo, ganância, imaginação e poesia.
Edgar Allan Poe

A ciência ainda não nos provou se a loucura é ou não o mais sublime da inteligência.
Edgar Allan Poe

sexta-feira, 1 de março de 2013

SIMBOLISMO


O Simbolismo no Brasil



Nas últimas décadas do século XIX, em meio à onda de cientificismo e materialismo que deu origem ao Realismo e ao Naturalismo, surge um grupo de artistas e intelectuais que põem em dúvida a capacidade absoluta da ciência de explicar todos os fenômenos relacionados ao homem. Não creem no conhecimento “positivo” e no progresso social prometidos pela ciência.

Pensam que, assim como a ciência, a linguagem é limitada. A primeira, para traduzir a complexidade humana, a segunda, para representar a realidade como ela de fato é, podendo, no máximo, sugeri-la.

Tanto o Simbolismo francês quanto o Simbolismo brasileiro foram fortemente influenciados pela obra de Charles Baudelaire (1821-1867), poeta pós-romântico considerado o precursor do movimento simbolista.


CARACTERÍSTICAS DO SIMBOLISMO

Ø  Subjetivismo
Ø  Linguagem vaga, fluida, que busca sugerir em vez de nomear
Ø  Abundância de metáforas, comparações, aliterações, assonâncias e sinestesias.
Ø  Cultivo do soneto e de ouras formas de composição poética.
Ø  Antimaterialismo, antirracionalismo.
Ø  Misticismo, religiosidade.
Ø  Interesse pelas zonas profundas da mente humana e pela loucura.
Ø  Pessimismo, dor de existir.
Ø  Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte.
Ø  Retomada de elementos da tradição romântica.


CONTEXTO HISTÓRICO

Simbolismo e decadentismo

A poesia universal é toda ela na essência simbólica.Os símbolos povoam a literatura desde sempre. [...] Todavia, ao longo da década de 1890, desenvolveu-se em França um movimento estético a princípio apelidado “decadentismo” e depois “Simbolismo”. Por muitos aspectos ligados ao Romantismo e tendo tido berço comum com o Parnasianismo, o Simbolismo gerou-se como uma reação conta a fórmula estética parnasiana, que dominara a cena literária durante a década de 1870, ao lado do Realismo e do Naturalismo, defendendo o impessoal, o objetivo, o gosto do detalhe e da precisa representação da natureza [...].

Posto não constituísse uma unidade de métodos, antes de ideais, o Simbolismo procurou instalar um credo estético baseado no subjetivo, no pessoal, na sugestão e no vago, no misterioso e no ilógico, na expressão indireta e simbólica. Como pregava Mallarmé, não se devia dar nome ao objeto, nem mostrá-lo diretamente, mas sugeri-lo, evoca-lo pouco a pouco, processo encantatório que caracteriza o símbolo.

[...] Por volta de 1880, espalha-se a ideia de decadência, caracterizada por Paul Bourget em um artigo em que ele identifica o estado de decadência com Baudelaire, místico, libertino e analisador, típico de uma série de indivíduos “incapazes de encontrar seu lugar próprio no trabalho do mundo”, lúcidos para com “a incurável máscara de seu destino”, pessimistas e individualistas extremos, querendo submeter o mundo às suas necessidades íntimas, e sentindo a época como de crise e enfado, fadiga e degenerescência, dissolução e má consciência.

(Afrânio Coutinho. Introdução à literatura no Brasil. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 214-5)